Genérico ganha mercado sobre remédio de referência

28/06/19 – Nos últimos anos, o crescimento das vendas de medicamentos genéricos foi o motor da expansão do mercado farmacêutico brasileiro no geral. Mas o avanço dos genéricos não foi limitado a absorver boa parte da demanda adicional por remédios, decorrente do envelhecimento da população e do maior acesso a tratamento médico. Essa classe de medicamento avançou também sobre o terreno dos concorrentes de referência e viu ainda os similares perderem espaço entre os pacientes.

A piora das condições econômicas e a maior confiança da classe médica explicam o fato de essa classe de remédios ter sido a única a ampliar participação de mercado nos últimos quatro anos, segundo a presidente da PróGenéricos, Telma Salles. “Com menor disponibilidade financeira, o consumidor encontra no genérico uma alternativa segura”, diz a executiva. A associação reúne os 17 maiores laboratórios que atuam na produção e venda de genéricos.

Levantamento da entidade com base nos dados da IQVIA, que audita as vendas da indústria globalmente, mostra que os genéricos saíram de 27,54% das vendas de remédios em unidades nos doze meses móveis encerrados em abril de 2015 e fecharam abril de 2019 com 34,07% de participação, avanço de 6,53 pontos percentuais no período.

Ao mesmo tempo, a participação dos similares e medicamentos de referência recuou. Enquanto a fatia de mercado dos medicamentos de referência caiu de 21,83% para 17,62%, a participação dos similares nas vendas em unidades recuou de 50,63% para 48,30%.

Por lei, os genéricos custam em média 35% menos que os medicamentos de referência. Mas diante da concorrência acirrada, os descontos praticados pelos laboratórios podem atingir 80% – desde que chegaram ao mercado há 20 anos, os genéricos já proporcionaram economia de mais de R$ 134 bilhões em gastos com medicamentos para os consumidores, segundo cálculos da entidade.

Houve expansão do consumo desse tipo de medicamento em todas as regiões do país. O maior avanço ocorreu no Centro-Oeste, onde a participação saiu de 24,47% em 2015 para 32,35% até abril deste ano, crescimento de 7,88 pontos percentuais. O Nordeste assistiu ao segundo maior salto, de 7 pontos percentuais, e a participação dos genéricos foi de 24,21% para 31,21% em quatro anos.

Maior mercado farmacêutico do país, o Sudeste também foi palco de avanço dos genéricos, que respondiam por 30% do mercado em 2015 e, hoje, tem participação de 36,7%. Na região Sul, a fatia passou de 28,25% para 33,38% e no Norte, de 20,8% para 26%.

Do lado da confiança da classe médica, dados da IQVIA indicam que a cada dez medicamentos mais receitados no país no primeiro trimestre, sete foram prescritos com a indicação do princípio ativo genérico.

De janeiro a março, enquanto as vendas de remédios no geral cresceram 5,28% no país, o avanço em genéricos foi de 9,28%, para 356,7 milhões de unidades, de acordo com dados da IQVIA, que audita as vendas da indústria. Em receitas, considerados todos os descontos concedidos (PPP, na sigla em inglês), o crescimento dos genéricos foi de 13,4%, contra 9% do mercado em geral.

Fonte: Valor Econômico